Jardim Botânico reabre hoje

CB, Cidades, p. 30 - 22/09/2005
Jardim Botânico reabre hoje
Vegetação da área reservada ao público escapou do incêndio e poderá ser visitada. Campanha será lançada para ajudar na recuperação do cerrado queimado: animais e plantas podem desaparecer

Helena Mader e Renato Alves
Da equipe do Correio

Mesmo com a tragédia que devastou quase 80% do cerrado da unidade de conservação, o Jardim Botânico reabrirá hoje à tarde para visitantes. Durante três meses, o espaço ficou fechado para reformas. A direção da reserva ecológica decidiu manter a data de reinauguração, mesmo com os prejuízos da queimada, para tentar sensibilizar o governo e a população. O fogo não chegou até a área reservada ao público. Árvores típicas do cerrado identificadas por placas, como o barbatimão, podem ser conhecidas. Para ver os estragos causados pela queimada, os visitantes terão que percorrer mais de 15 quilômetros desde a entrada do parque.
Para mobilizar voluntários, a direção da unidade de preservação lançou ontem a campanha Adote o Jardim Botânico . "Queremos que a população nos ajude a cuidar da área e a recuperar os danos deixados pelo incêndio", explica a diretora Anajúlia Heringer. Na parte não atingida pelas chamas, o visitante poderá conhecer novidades, como o orquidário, mas também observar os prejuízos do incêndio à flora e à fauna do cerrado.
O parque tem espécies ameaçadas de extinção e os especialistas ainda não sabem se os animais sobreviveram à queimada. Bombeiros que trabalharam para combater o fogo se depararam com animais em fuga. "Vi vários tamanduás e veados fugindo do incêndio. Até ajudei a salvar um mico", relata o soldado Júlio César Brandão.
A brigada de incêndio do Jardim Botânico começou a combater o fogo antes da chegada do Corpo de Bombeiros. O parque conta com 28 profissionais para conter o fogo, mas não dispõe de equipamentos modernos, como os bombeiros. Há apenas um caminhão-pipa e abafadores. A engenheira florestal Jeanini Felfili diz que o ideal é pelo menos dois caminhões de água e uma brigada de incêndio com, no mínimo, 12 profissionais em cada unidade de conservação. "Na Fazenda Águas Limpas (outra área atingida), não há caminhão-pipa. Lá, o ideal seriam 20", alerta.
O Corpo de Bombeiros garante que não falta estrutura nem pessoal qualificado para combate a incêndios florestais no Distrito Federal. A corporação conta com 17 picapes - 9 Land Rovers compradas este ano e 8 Mitsubishi L-200 com menos de cinco anos de uso, equipadas com bombas d´água - e outros 50 veículos de todos os tipos, espalhados por todos os quartéis do DF que podem transportar água. As viaturas são mais que suficientes, afirma o major Luiz Blumm, porta-voz do Corpo de Bombeiros.
Apesar de se declarar auto-suficiente, o Corpo de Bombeiros estuda a aquisição de dois aviões específicos para o combate a incêndios florestais. Parecido com o modelo usado na aplicação de agrotóxicos em lavouras, esse tipo de avião custa R$ 1,2 milhão. No Brasil, só há um desse no Rio de Janeiro. A intenção dos militares brasilienses é que a compra dos dois aviões seja aprovada ainda este ano pelo governador Joaquim Roriz. Se a resposta for positiva, as aeronaves chegam ao DF no próximo ano. "O combate a incêndios em grandes reservas será mais eficaz, explica Blumm.
Os bombeiros do DF também aguardam para o fim deste ano a chegada de mais um helicóptero, adquirido a US$ 5 milhões, com capacidade para transportar duas vítimas. Maior do que o atual modelo usado pela corporação, que só pode levar uma vítima de cada vez e apenas três tripulantes.

Enquanto isso, a primavera
A tragédia ambiental provocada pelo incêndio no Jardim Botânico e nas reservas ecológicas do IBGE e Universidade de Brasília ocorreu exatamente às vésperas da primavera, a estação das flores. Ela começa hoje e termina no dia 20 de dezembro em todo o hemisfério sul. Em condições climáticas normais, no Planalto Central a primavera marca a volta das chuvas e a transformação da paisagem cinzenta numa profusão de cores. O cerrado exibe a riqueza de suas espécies vegetais e os parques de Brasília ficam mais floridos. A umidade do ar aumenta e diminuem as doenças respiratórias.

CB, 22/09/2005, Cidades, p. 30
UC:Estação Ecológica

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